Até pouco tempo atrás, quando pensávamos em mentoria a primeira cena que nos vinha à mente era a de profissionais experientes orientando e ajudando a conduzir a carreira de jovens talentos. Sim, isso ainda existe e é muito válido, porém, o mercado tem se aberto – cada vez mais – para um novo tipo de mentoria, a reversa. Nesse modelo, são os jovens profissionais que compartilham seus conhecimentos com os profissionais mais experientes.
Essa prática é fantástica porque abre caminho para um novo padrão de diálogo, em que os profissionais que ainda estão em início de carreira ganham voz e são valorizados. Essa prática, além de proporcionar uma troca rica de habilidades e conhecimentos, ajuda a reter talentos, afinal, quem não quer se sentir importante e reconhecido.
Normalmente, as empresas que apostam em mentoria reversa começam a fazer isso com o foco na tecnologia, ou seja, colocam aqueles profissionais identificados como “nativos digitais” para ensinar àqueles sem tanta intimidade com as novidades tecnológicas. Mas os benefícios não se resumem à práticas digitais. Quando colocamos duas gerações para trocar experiências temos a soma de habilidades tecnológicas, criatividade, agilidade e inovação com experiência, conhecimento, dedicação e habilidade no campo dos negócios. Isso traz novas dimensões inovadoras para a empresa e para os profissionais e, assim, todos ganham.
Vale dizer, inclusive, que o modelo de mentoria reversa não se resume apenas à inclusão de profissionais experientes ao universo digital. Na IBM, por exemplo, a mentoria reversa teve como proposta ampliar e trabalhar o tema da diversidade na organização. O projeto começou, inicialmente, destinado à comunidade LGBT, porém, já se estende aos públicos diversos que compõe a companhia. Nessa iniciativa, a mentoria reversa acontece da seguinte forma: cinco mentores com experiências inspiradoras (mulheres, afrodescendentes, homossexuais e portadores de deficiências físicas) orientam um mentee – que é um líder ou um influenciador – sobre diversidade. As sessões são mediadas por um moderador sênior e têm duração de 60 minutos. O objetivo é dar voz às experiências de vida profissional e pessoal dos mentores, para inserir os mentorados nas dificuldades que são próprias do grupo em que se encontram, para que juntos promovam uma mudança nos times em que atuam.
Quando uma empresa decide apostar no modelo de mentoria reversa, ela entende que a liderança também pode aprender com seus liderados, que todos os profissionais – independente do cargo que ocupam – possuem experiências e conhecimentos que podem agregar para o crescimento do time como um todo. Dar voz a quem tem algo a dizer e que pode trazer mudanças culturais significativas é um ponto que cada vez mais devemos dar atenção.
Por Luciana Fuocco
Assessora de Imprensa do Grupo Cia de Talentos