Senta um pouquinho porque agora vamos ter uma conversa franca. Responde para mim:
- O que você está fazendo além de cursar as disciplinas da sua faculdade?
- Quais habilidades interpessoais você consegue desenvolver apenas assistindo aula?
Em termos teóricos, estou falando de soft skills que nada mais são do que as habilidades interpessoais: como se relacionar com pessoas diferentes de você, como liderar, como influenciar, como tomar decisões assertivas, como se comunicar com clareza, como lidar com imprevistos, como trabalhar bem em grupo, como conduzir uma conversa difícil com aquele colega braço-curto, etc.
Isso tudo pode ser aprendido na faculdade sim, mas em atividades extracurriculares nas quais você participou. Por isso a importância de buscar iniciativas como monitoria, empresa jr, iniciação científica, centro acadêmico, estágio de férias ou qualquer atividade na qual você precise se relacionar com pessoas e resolver problemas.
Todas essas experiências são vistas como importantes para o seu repertório de vida e para o desenvolvimento de competências comportamentais. Abaixo listarei as competências mais requisitadas pelas empresas em 2017 para avaliação dos candidatos a estágio e como elas podem ser trabalhadas nas atividades extracurriculares:
1) PENSAMENTO CRÍTICO:
Capacidade de questionar e pensar nos impactos de determinada ação. As grandes empresas buscam jovens que não sejam meros executores. Você deve analisar as situações, fazer perguntas, entender impactos e propor soluções.
Outras dicas são: tenha cuidado com “achismos”, procure sempre a fonte de uma determinada informação e confronte seus próprios preconceitos. Um debate saudável entre amigos é uma boa forma de praticar o pensamento crítico, pois você precisa expor sua opinião, ouvir ideias divergentes e construir novos argumentos em cima do que foi exposto.
2) COMUNICAÇÃO:
Ter uma boa comunicação significa se expressar de forma clara e com bons argumentos. Ter conteúdo é fundamental, portanto, mantenha-se informado. Existe uma medida entre falar muito e ser monossilábico, portanto, não caia em nenhum desses extremos (nada de responder o básico ou de detalhar demais). A melhor entrevista é aquela cuja conversa flui como se fosse um bom bate-papo.
3) RESILIÊNCIA (OU ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ):
O mundo corporativo vai te testar de várias formas. Quando as coisas não derem certo, será preciso tirar os aprendizados daquela situação e recomeçar com motivação. Ser resiliente é ter energia para se reerguer e seguir em frente. Você consegue ver o copo meio cheio diante das dificuldades? Se sim, já é um começo.
4) INICIATIVA (OU AGIR COM PROATIVIDADE):
O que você faz quando recebe uma tarefa para a qual não se sente capacitado? Sua resposta vai lhe dizer o quanto você age com iniciativa e até mesmo autonomia. Não se engane: as empresas buscam perfis mais autônomos, responsáveis, que fazem parte da solução. Você vai atrás de uma saída ou de uma desculpa quando precisa resolver algo? Se está na dúvida, basta fazer um simples exercício. Puxe na memória a sua atitude quando seu grupo de trabalho na faculdade precisou remarcar um compromisso. Você ficou esperando alguém te mandar a nova data ou propôs uma nova agenda? Ou seja, você espera ou tem a atitude de ir atrás?
5) ENTUSIASMO:
Alguns chamam de brilho no olho, de paixão, e outros classificam como energia. Não é determinante para a seleção, mas é um sério fator de desempate. Preste atenção no entusiasmo da voz e na motivação que as pessoas passam quando falam sobre algo que amam ou têm muito interesse. É algo quase involuntário, mas que contagia e eleva a energia da conversa, causando uma atmosfera boa. Tenho certeza de que você já viveu momentos assim.
Geralmente, os recrutadores avaliam o entusiasmo do candidato pela empresa ou pela vaga. Ele faz perguntas pertinentes? Mostra interesse quando ouve sobre a empresa e oportunidade? Tenta nos mostrar como uma determinada experiência vivida por ele pode ajudar ou tem relação com o trabalho? Essas são formas de avaliarmos se a pessoa realmente se identificou com a vaga, o que nos sinaliza grandes chances de sucesso na contratação.
Adriana Rodrigues é psicóloga, mestre em Psicologia e consultora head na Cia de Talentos.