Amanhã (07 de abril) é Dia do Jornalista e eu gostaria de parabenizar a todos os meus colegas de profissão. Há quem vá dizer que não temos nada a comemorar, então, eu peço licença para discordar. Sei que não estamos vivendo nossos melhores momentos, seja pela dificuldade do mercado de trabalho ou pela reputação da profissão que não anda muito boa. Mas eu acredito nos ciclos da vida e, como tal, também creio que a nossa profissão está caminhando – a passos largos – para o encerramento de um ciclo e início de outro.
Isso quer dizer que não, não acredito no fim do jornalismo, mas, sim, na sua transformação. A notícia sempre vai existir, porque se manter informado faz parte da necessidade das pessoas não somente enquanto indivíduos, mas também enquanto sociedade. Vivemos tempos sombrios justamente porque nossa profissão está se reestruturando.
Com a chegada da internet e a voracidade pelo consumo de notícias de forma rápida e barata, além da possibilidade de pessoas comuns se transformarem em disseminadores de informação, presenciamos o fim de muitos jornais e revistas, vimos o mercado encolher absurdamente e as notícias falsas se alastrarem feito capim. Sim, colegas, tempos sombrios, eu sei. Mas para que o universo se organize o caos é necessário.
Nossa profissão está se reestruturando e até esse processo se complete talvez o cenário continue incerto. Mas, de verdade, eu acredito que a bonança chegará. Sabe por quê? Porque divulgar fatos e dados é coisa bem séria. Para fazer isso é preciso técnica e ética. As pessoas já estão ficando atentas a isso. Ponto para nós.
Eu acredito que o caminho do futuro para jornalismo passará muito pela curadoria de conteúdo, pela volta da apuração criteriosa. Não acredito que voltaremos a ter redações cheias, mas aposto em um modelo de trabalho mais livre e, ao mesmo tempo, mais old school: na rua, que é lugar de repórter. Depois, sem redação para voltar, a notícia bem apurada pode partir da mesa da sua sala para o mundo.
E tem mais: a comunicação corporativa também entra no balaio da transformação. Com menos veículos, mais difícil ficou conseguir espaço nas publicações. As assessorias de imprensa vão demandar mais estratégia, mais profissionais dispostos a terem um olhar crítico sobre as notícias relacionadas ao seu cliente e ao setor que ele ocupa para, a partir de então, traçar um caminho de consolidação de marca. A transparência e a verdade vão estar mais ainda em evidência.
Para finalizar, vou além e digo que acredito profundamente no trabalho jornalístico independente. Não importa se você é da nova ou velha guarda, o futuro está realmente aqui: nos projetos isentos, apoiados pelas pessoas físicas, naquela vaquinha amiga ou em processos de crowdfunding mais estruturados. O Jornalismo é uma profissão bonita e necessária, que deve ser exercida com muita ética, pautada em valores sociais. Não tenha medo de encarar essa jornada por mais difícil que ela esteja se apresentando.
Feliz dia para nós!
Por Luciana Fuoco, Assessora de Imprensa do Grupo Cia de Talentos