Vivemos em um mundo de constantes e contínuas transformações. Cada vez mais, temos certeza que as coisas vão mudar em diferentes esferas da economia, sociedade e política. Mas não sabemos ao certo o rumo que essas mudanças terão. Diante dessa imprevisibilidade, empresas e profissionais se deparam constantemente com decisões complexas e situações ambíguas. A tentação, muitas vezes, é de querer escolher caminhos politicamente corretos para não desagradar ninguém. Mas este não parece ser o caminho para o Airbnb, que ao longo deste ano nos deu algumas lições de como ser e sustentar a imagem de uma organização engajada:
Defina e dissemine sua crença internamente
Ser engajado precisa fazer parte do DNA da organização, e a missão oficial do Airbnb claramente reflete isso, onde a empresa se propõe a “criar um mundo que inspire a conexão humana. ” Segundo Brian Chesky, CEO e fundador do Airbnb, “esta missão fundamenta-se na ideia de que as pessoas são essencialmente boas e que uma comunidade é um lugar onde você possa se sentir em casa. Não dizemos isso para parecermos bonzinhos. Eu acredito sinceramente que [a discriminação] é o maior desafio que enfrentamos como empresa. Ela dilacera o âmago do que somos e os valores que defendemos. ”
Comunique ao mundo aquilo que acredita
É importante que esta crença extrapole as fronteiras da organização e chegue aos ouvidos da sociedade, mesmo diante de situações polêmicas. No começo do ano, diante das medidas anti-imigratórias do governo americano, o Airbnb veiculou um dos comerciais mais comentados no Super Bowl deste ano, onde deixa uma mensagem promovendo união e tolerância: “Nós acreditamos que não importa quem você é, de onde você veio, quem você ama, ou quem você adora. Nós todos pertencemos [à mesma comunidade]. Quanto mais você aceita, mais bonito o mundo fica. #WeAccept”.
Tenha coragem para agir de acordo com sua crença
Quando as organizações têm clareza e acreditam genuinamente naquilo que falam, as decisões se tornam “menos complicadas. ” É preciso ser coerente com aquilo que promove. Em julho deste ano, o Airbnb já colaborou com a investigação que levou a condenação de uma anfitriã, que cancelou uma reserva usando argumentos e justificativas racistas. E mais recentemente, a empresa não ficou calada diante dos protestos neonazistas em Charlottesville, nos EUA. O Airbnb não só alegou violação dos termos de uso por parte de um grupo de pessoas, como também cancelou algumas reservas e contas de usuários por comportamento antiético. Outras empresas como Google, GoDaddy, Facebook e Paypal também aderiram ao movimento, eliminando contas, posts e campanhas relacionadas a grupos neonazistas.
Ficar em cima do muro parece não ser uma opção para o Airbnb. Assim como pessoas, empresas também tem personalidade, voz e opinião, e sabemos que em um mundo polarizado é praticamente impossível agradar a todos. Bancar uma posição pode, inclusive, implicar na perda de clientes e negócios. Mas certamente, viver os valores de forma coerente garante uma conexão profunda com os colaboradores que fazem parte da organização e cria uma proposta de valor clara e sincera para o mercado.
Por Rajesh Rani
Gerente de Inovação