A diversidade racial tem estado no foco dos assuntos mais debatidos nos últimos anos, e por estar em evidência, traz com ele muitas movimentações.
Tivemos um número considerável de processos seletivos voltados para estagiários negros, alguns exclusivos, o que desagradou algumas pessoas, mas também abriu diálogo para assuntos muito importantes como: ações afirmativas, equidade e reparação no que diz respeito a inserção de profissionais negros no mercado de trabalho.
Este grande avanço na contratação de jovens negros fez com que quiséssemos entender quais são os reais caminhos e possibilidades que existem para o desenvolvimento e ascensão deles dentro das empresas que têm aderido a processos seletivos mais justos e comprometidos com a diversidade e a inclusão.
Em uma ação inédita, o Google, em parceria com a Cia de Talentos, realizou a pesquisa Next Steps – Pela Carreira de Novos Talentos Negros, com o objetivo de levantar dados quantitativos e qualitativos sobre as experiências e vivências de estagiários negros no Brasil. Foram entrevistadas 2182 pessoas para traçar um panorama a respeito das vivências de estagiários negros no Brasil.
Segundo pesquisa do Instituto Ethos , jovens negros representam 57% dos aprendizes e 28% dos estagiários. Programas destinados a contratação de estudantes negros têm ajudado a aumentar esses números. Contudo, a contratação nos convida a discutir outros aspectos: Como eles se sentem como participantes de um processo seletivo? O que acontece com esses jovens depois que eles entram nas empresas?
Resultados da pesquisa com jovens negros(as)
Será que as empresas que já entendem a importância da contratação desses estagiários também têm buscado se preparar para recebê-los? Na pesquisa vimos que, 49 % dos estagiários negros disseram que não recebem suporte das suas empresas e 75 % dos estudantes não tiveram um(a) líder/chefe preto(a). A pesquisa também revelou que 20% dos estudantes negros não se sentem preparados para conseguir a vaga de estágio que estão buscando, 32% não acreditam que a universidade que estão cursando os prepara para o mercado de trabalho e 42% acreditam que a cor/raça do candidato interfere nas chances de aprovação.
Diante destes dados, temos entendido que só a contratação de estagiários negros não é o suficiente para que tenhamos, de fato, um ambiente mais diverso. É preciso pensar toda a estrutura, principalmente respeitando as especificidades dos profissionais que queremos atrair, garantindo possibilidades concretas de crescimento para além da porta de entrada através do programa de estágio, para que os estagiários negros do futuro tenham acolhimento administrativo e também vejam chefes parecidos com eles, vislumbrando oportunidades de crescimento e progressão de carreira nas instituições.