Pense em um profissional que você admira. Se ele te pedir para trabalhar em um projeto, qual seria a sua resposta? Agora, imagine a situação em que um gestor acostumado a tratar sua equipe com um comportamento frio e, por vezes, rude, manda você executar alguma tarefa. Como seria?
De um lado, influência, confiança e respeito. De outro, hierarquia, poder e imposição. Provavelmente, nas duas situações, você faria o que é pedido. Mas, em qual cenário você se dedicaria a entregar um trabalho melhor?
É como uma simples conta matemática. O resultado é óbvio, por mais que alguns profissionais insistam em não enxergar. A ciência já comprovou: a confiança entre as relações é fundamental para que as empresas alcancem resultados melhores.
O responsável pela descoberta foi o neuroeconomista, Paul Zak, que dedicou 20 anos de sua vida em pesquisas sobre a ocitocina – o hormônio da confiança.
Chamada por ele de “molécula da moralidade” e de “hormônio do trabalho em equipe”, a substância só é produzida em nosso cérebro em situações que geram confiança – sendo o medo, seu maior inibidor.
Em seus estudos, Zak descobriu que o hormônio promove empatia, vontade de ajudar, senso de colaboração, tolerância, respeito, solidariedade e motivação. Para ele, nossa sociedade só será economicamente saudável quando a confiança for a base de todas as relações.
Afinal, ninguém faz nada sozinho. E para realizarmos mais e melhor, precisamos confiar uns nos outros. Simples assim, se não fosse pelo fato de que em nossa cultura aprendemos que desconfiar era uma proteção necessária.
O protagonismo profissional é uma habilidade importante para o sucesso de qualquer carreira. Isso envolve ser parte da construção do ambiente profissional em que se deseja trabalhar.
Então, eu te pergunto: como você pode contribuir para que a confiança aumente nas relações de trabalho?
Tornando-se confiável e utilizando seu poder de influência para modificar seu entorno. Mas, eu sou confiável, talvez você pense. Não, não estou te chamando de mentiroso. É que confiança vai muito além de falar a verdade, ou não, sabia?
A confiança que a humanidade precisa nesse momento, especialmente o Brasil, é uma confiança de vulnerabilidade. A amizade entre as relações.
Entenda, o distanciamento entre os profissionais, principalmente entre gestores e liderados pode ser efetivo, mas não é sustentável para a motivação profissional.
Você conhece quem são as pessoas da sua equipe, além de suas competências profissionais? Sabe o que estão vivendo em suas vidas pessoais e dentro de si?
Elas confiam em te contar sobre suas emoções? E quando isso ocorre, como você lida com essas informações? Oferece ajuda genuína, ou age com desinteresse, pois estão apenas sendo “dramáticos”?
A tendência da humanização corporativa não pode ser limitada às práticas e ações que a empresa oferece aos colaboradores. Ela só será real e efetiva, quando todos os envolvidos se comprometerem a sair do piloto automático de suas rotinas agitadas e voltarem-se à humanidade que habita cada um.
Sendo assim, para se tornar mais influente e gerar confiança nas suas relações, seja um bom exemplo, pratique a empatia e a escuta ativa, se importe realmente com seus colegas, seja honesto e transparente, compartilhe seus conhecimentos e descubra como ser amigo pode levar você e sua equipe ao topo do sucesso.
Sofia Esteves, para a coluna sobre Carreira da Revista Exame.