“Ele tem um alto QI. E não é de inteligência, é de quem indica.”
Há 10 anos essa era uma piada comum nos processos seletivos, ser indicado por alguém interno da empresa era ruim, quase como um sinal da incompetência profissional de alguém. Ou seja, se você entrava na empresa por causa de uma indicação de um colega, parente ou presidente era visto como aquele que não entrou na empresa por méritos próprios. Em tão pouco tempo, tanta coisa mudou no mercado de trabalho e estamos vivendo uma verdadeira transição de como as pessoas se relacionam com as suas carreiras e isso muda muita coisa.
O que mudou?
Não são mais os processos e nem os produtos que diferenciam uma empresa da outra. Processos e produtos podem ser copiados, reproduzidos, alterados. O conhecimento parece não ter mais dono, endereço e patente. O que diferencia, então, uma empresa da outra é a cultura que é vivida e praticada pelas pessoas que nela trabalham. E quem mais compreende na prática qual é essa cultura, valores e estilo de trabalho da empresa é quem está ou já esteve lá dentro. Motivos de retenção ou demissão não são apenas índices da área de RH, são aspectos vividos pelos colaboradores de uma organização e é essa experiência que faz diferença no sucesso de uma contratação. É claro que não basta a indicação, é preciso uma gestão dos indicados e também uma avaliação profissional das competências fundamentais para a vaga e é aí que entra a consultoria ou o profissional de recrutamento e seleção.
Como funciona?
Uma pesquisa feita pela SilkRoad´s aponta que a maioria das contratações, feitas em 2017 pelas grandes e médias empresas, são consequência de uma indicação interna. Esse índice é seguido pelas contratações via sites de vagas e depois pelas redes profissionais. Mais do que a porcentagem de contratados, a pesquisa analisou também o histórico de retenção dessas contratações e mais uma vez a indicação interna ficou em primeiro lugar. O que confirma que, além de ser a maior fonte de indicação de novos profissionais, é também a que resulta numa maior aderência à vaga e empresa.
Algumas organizações têm ferramentas e fluxos definidos para a indicação acontecer, outras ainda fazem informalmente. Muitas têm até bonificação para o funcionário que fez a indicação certeira. O fato é que essa é uma tendência e cada vez mais será comum no cenário de recrutamento e seleção desse novo mercado de trabalho que vem apontando.
E eu com isso?
Essa tendência da valorização pelo “QI = Quem indica” vem reforçando a importância das redes que construímos e participamos na nossa história não só profissional, mas também pessoal. E para caracterizar uma real rede de contatos não adianta a conexão ser uma simples troca de mensagens ou cartões. Para alguém te indicar para uma vaga, é preciso confiar e acreditar que você vai dar conta do recado, afinal, a reputação de quem indicou também está em jogo. Moral da história? Cada vez mais os nossos conhecimentos, mas, principalmente, os nossos relacionamentos são a grande moeda do trabalho do futuro.
Por Renata Magliocca
Consultora de Inovação